Começo o texto me dirigindo aos jovens
que votaram pela primeira vez na última eleição: jovi, não desanima, pode ser
que dessa vez o seu voto finalmente valha de verdade. Também acreditando nisso
(ok, nem tanto), escrevo este textinho e tiro o blog do coma.
Quem andou em coma também foi o nosso
interesse em falar de política. Coma do tipo: desde que nasceu. Mas parece que
nos últimos tempos o gigante acordou abriu pelo menos um olho (não vou
falar qual para não dar briga). Ainda por cima esse olho é míope.
O que eu sei é que os feice da vida ficaram
infestados de gente falando de política, discutindo ideologia, batendo em
projeto de lei, fazendo barulho contra medida provisória, compartilhando
catraca livre, esgoelando Bolsomito 2018 (nessa hora a gente pega uma gilete
bem afiada, passa veneno na lâmina e corta bem cortadinho a pupila do olho).
Mas voilà: saiu gente de tudo quanto é
bueiro para falar de candidato, xingar o amigo, mandar um: me bloqueia aí que eu
odeio você seu coxetralha. Até primo de 3º grau clicando no emoji de Grr
(aquele com cara de putasso) na sua publicação teve. E isso foi ruim não, mas
ainda está torto de mais. Virou vídeo-game em que meu bonequinho é mais forte
do que o seu e parece que ficou nisso, com salvas exceções.
Mas ótimo. Se o Cunha caiu (com um certo delay) está valendo (o Cunha caiu mesmo?). Ainda na metáfora do vídeo-game: a gente ainda não sabe jogar porra nenhuma, mas às vezes aperta todos os botões de uma vez só e acaba matando o Ryu bugado do fliperama que solta 15 hadoukens na tela (e isso é um grande feito).
Mas ótimo. Se o Cunha caiu (com um certo delay) está valendo (o Cunha caiu mesmo?). Ainda na metáfora do vídeo-game: a gente ainda não sabe jogar porra nenhuma, mas às vezes aperta todos os botões de uma vez só e acaba matando o Ryu bugado do fliperama que solta 15 hadoukens na tela (e isso é um grande feito).
Mas de eleições municipais, parece que a
gente não sabe nem como que dá play no joguinho. É uma bagunça com 9327827847948
partidos aleatórios, caboco que era aliado do prefeito passado, agora é amigo
do rival, o fulano está ajudando seu parente a ter um trampo e parece melhor
votar nele do que naquele que você nem conhece, é candidato a vereador falando que vai
asfaltar a sua rua, que vai aumentar o número de médicos nos postos de saúde,
que vai dar tablete para as crianças, que vai fazer aplicativo que faz
não-sei-o-que (que fetiche é esse por tablete e aplicativos para resolver o
mundo?), é o cristão colocando no currículo que é cristão (parece relevante –
para perder voto), é o pai de família (e daí?), é o jingle com malandramente: “João
Vicente, aliou com o Tenente, é amigo dos crente, pode votar e curtir. João
Vicente fez casa pra gente, envolvido com a obra, começou construir...”, é
carreata, é menino balançando bandeira no sinal, é chão cheio de santinho e
outras pataquadas à lá hoje é dia de
maldade.
Vemos um ou outro programa eleitoral ali
na hora do almoço, pegamos um pedaço do debate depois da novela, ouvimos falar
em dois ou três figurões mais conhecidos para prefeito e os mesmos de sempre
para vereador. Não temos o menor apego por partidos (nem eles têm, né?) e o pau
quebra: quem aparece mais na campanha, quem tem mais gente trabalhando e
conhece mais pessoas que pedem voto para outras pessoas, é eleito.
Mas o fato é que temos que
obrigatoriamente apertar o verde e tilimlim (horrível essa onomatopeia). Mas em
quem votar de fato? Às vezes nenhum candidato a prefeito agrada, não conhecemos
nenhum candidato a vereador, não sabemos as propostas de ninguém, não sabemos
se as fichas estão limpas. (E provavelmente vamos votar e continuar sem saber
ou sabendo muito pouco).
Então, vale uma googlada no candidato. Mas
vale muito também se interessar pela política de sua cidade nos 4 anos de
atuação daquela equipe do executivo e do legislativo. É preciso saber o que o
prefeito anda fazendo, o que os vereadores andam votando, se eles são de fato a sua
voz na câmara, essas coisas clichêzonas que a gente costuma deixar pra lá. Importante saber também
quem é o vice (nunca se sabe, né?).
Assim, visando aquele 1% de anjo-perfeito
no meio de 99% de vagabundo nestas eleições municipais, segue um guiazinho (bem
zinho) sobre as funções do executivo e do legislativo municipais:
Primeiramente, fora Temer.
Segundamente, vamos aos vereadores. Se eles estão prometendo: asfaltar a sua rua, construir hospital, creche, escola, centro esportivo, reformar praças e vias, gerar empregos, diminuir o valor da passagem do ônibus, aumentar o salário do professor, arrumar material escolar, colocar mais policiais nas ruas, remunerar melhor os agentes de segurança ou coisas do tipo, FUJA. Isso não é papel dele.
Primeiramente, fora Temer.
Segundamente, vamos aos vereadores. Se eles estão prometendo: asfaltar a sua rua, construir hospital, creche, escola, centro esportivo, reformar praças e vias, gerar empregos, diminuir o valor da passagem do ônibus, aumentar o salário do professor, arrumar material escolar, colocar mais policiais nas ruas, remunerar melhor os agentes de segurança ou coisas do tipo, FUJA. Isso não é papel dele.
O vereador pode e deve elaborar leis
municipais (que sejam do interesse da população; ele é sua voz na bagaça, ok?)
e fiscalizar o prefeito. São os vereadores que propõem, discutem e aprovam as
leis que entram em vigor no município. Por exemplo, eles aprovam a Lei
Orçamentária Anual, que define onde deverão ser aplicados os recursos vindos
dos nossos impostos (é bom ficar de olho nisso). Também cabe ao vereador
acompanhar as ações da prefeitura, verificando se estão sendo cumpridas as
metas de governo e se o prefeito está agindo dentro das normas legais. Por isso,
é importante que uma parcela dos vereadores seja de oposição ao prefeito, para
não virar jogo de compadres.
É claro que só saber disso não vale
muita coisa. Mas vale saber que as sessões legislativas são abertas a nós,
então, podemos, por exemplo, juntar um grupinho e ir lá fazer barulho quando
eles forem votar algum projeto absurdo, como o aumento do próprio salário (que
já não é baixo). Que tal pressionarmos para a diminuição de seus subsídios até
virar lei? (Também é uma forma de atuar). Podemos ainda procurar os vereadores
em seus gabinetes e ficar de cima, ajudar a fiscalizar e, se ele fizer alguma
bobeira, podemos denunciar ao Ministério Público. Se quisermos, temos muito
poder.
Em resumo, o papel central do vereador é
ouvir a vontade de seus eleitores e não legislar em causas próprias. Vamos
fugir desses e jamais os reeleger novamente, né?
Já o prefeito é o cara que tem a caneta
e o cheque na mão. Cabe a ele administrar os serviços públicos locais,
decidindo onde serão aplicados os recursos que vêm dos nossos impostos e dos
repasses do estado e da União. Eles também decidem quais obras devem ser feitas e quais programas serão implantados. Também é função do prefeito sancionar e
revogar leis, vetando propostas que sejam inconstitucionais ou não atendam ao
interesse público (isso é um ponto importante, pois é aí que a gente entra
fazendo pressão, basta querermos). Além disso, o prefeito também nomeia
secretários (de Educação, Saúde, Governo, Transporte, Habitação, Meio-ambiente,
Planejamento, Administração etc.) e os secretários também podem distribuir
cargos de confiança. Não queremos uma prefeitura infestada de aliadinhos
mamando nos cargos comissionados, sem que eles sejam realmente competentes,
éticos e bons profissionais para as funções as quais eles foram designados,
certo? Então, cabe também ficar de olho e fazer barulho se algo estiver errado.
Já o vice-prefeito tem que ser um homem de
CONFIANÇA do prefeito e assumir a bucha quando ele estiver ausente. Ele deve
saber que não é sua função querer derrubar o prefeito e colocar em prática
outro plano de governo. Se ele se segurar e fizer tudo certinho, dá até para
dizer que ele não é um vice decorativo, mas que busca colaborar com a
prefeitura.
No mais, é ir votar morrendo de preguiça
(naqueles que você julgar serem os melhores candidatos/ficar de olho neles nos
próximos 4 anos) e esperar dar 17h para acabar a Lei Seca e ir para o bar
beber.
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